#Economia | Com a recente elevação da taxa Selic para 11,25% ao ano, nesta quarta-feira (06/11), o Banco Central do Brasil (BC) busca frear a inflação em meio a um cenário econômico global e doméstico de incertezas. A decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) reflete a preocupação com a alta do dólar e a conjuntura econômica dos Estados Unidos, que levanta dúvidas sobre o ritmo de desaceleração econômica e os futuros passos do Federal Reserve (Fed).
Nos últimos meses, o Copom conseguiu reduzir gradativamente a Selic, mas reverteu a tendência de manter a taxa estável nas reuniões de junho e julho, e elevá-la em setembro. Esta recente alta intensifica o ciclo de contração monetária, que começou em 2022, quando a Selic foi mantida em 13,75% ao ano. Em um comunicado oficial, o Copom destacou que o contexto internacional, com as incertezas relacionadas à política econômica dos EUA, pode impactar diretamente o Brasil.
No Brasil, o Copom reiterou a importância de uma política fiscal sólida para sustentar a trajetória de queda da inflação. De acordo com o Comitê, a contenção dos gastos públicos e a execução de reformas fiscais estruturais são essenciais para reduzir os prêmios de risco e manter a contribuição financeira do país. A política fiscal, alerta o Copom, tem influência direta nas expectativas de inflação e na capacidade do BC de conduzir uma política monetária eficaz.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O IPCA de setembro registrou uma alta de 0,44%, impactada pelo aumento nas contas de energia elétrica e pelo preço dos alimentos, afetado pela seca no início
Impacto no crédito e na economia
A alta da Selic encarece o crédito, restringindo o consumo e desestimulando investimentos. Essa medida reduz a demanda e, por consequência, a pressão inflacionária, mas pode desacelerar o crescimento econômico. No último relatório de inflação, o Banco Central revisou a projeção de crescimento do PIB para 3,2% em 2024, em linha com a expansão de 3,1% registrada neste ano.
A taxa Selic é uma referência para as demais taxas de juros da economia, impactando desde os financiamentos e empréstimos até o custo dos títulos públicos. Ao ajustar para cima, o BC diminuiu a circulação de crédito e incentivou a poupança, um movimento que visa estabilizar os preços ao controlar o consumo. Com a Selic mais baixa, o crédito se torna mais acessível, incentivando o consumo e a produção, mas exige do BC segurança quanto à estabilidade dos preços.
Fonte: Agência Brasil | Foto: Marcello Casal Jr/AB