Pastor que falou que crianças podem ser culpadas por estupro pede desculpas

#Notícias | O líder da igreja evangélica Tabernáculo da Fé, Jonas Pimentel, pediu desculpas a quem se sentiu ofendido por dizer que crianças abusadas sexualmente podem ser culpadas em alguns casos. O pastor alega que apenas recomendou que é preciso evitar que filhos durmam em casa de parentes ou amigos para evitar pessoas má intencionadas. A informação foi repassada por meio de nota da defesa. A fala causou polêmica. A igreja a qual Pimentel é líder, fica localizada na Região Oeste de Goiânia.

A declaração de Jonas Pimentel repercutiu nas redes sociais na terça-feira (30/04), ultrapassando 180 mil visualizações em uma postagem. Nos comentários, centenas de pessoas disseram que a fala do pastor é um absurdo e chegaram a dizer que ele praticou apologia à pedofilia.

No vídeo que circula nas redes, o pastor diz: “Quando acontece o abuso de uma criança, a criança é também culpada porque ela deu lugar. Mas, olha só, isso é uma exceção, mas está dentro destes acontecimentos. Crianças também têm culpa, têm participação, mas não todos os casos. Eu quero deixar isso bem claro: a responsabilidade começa com a mãe e com o pai”, afirmou.

 O advogado Leandro Silva, que representa o pastor e a igreja, afirmou que o compromisso de ambos é lutar pelos princípios e valores tradicionais. O pastor disse ainda que “continuará orientando e combatendo quaisquer formas de descuidos, especificamente, a sexualização precoce que o mundo moderno impõe”.

OAB

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de Goiás (OAB-GO) repudiou a fala do pastor. “A OAB repudia esse tipo de fala porque nunca, jamais, em nenhuma hipótese, a criança ou a mulher é responsável. A vítima nunca é culpada sobre qualquer coisa que acontece com ela. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) diz que todos nós somos responsáveis pelas crianças. As consequências são tão grandes, é pela vida toda”, afirmou Danielle Pereira Nava, Coordenadora da Subcomissão de Combate ao Abuso de Crianças da OAB-GO.

A coordenadora ressaltou ainda que o pastor foi extremamente infeliz nas palavras dele. “Imagine, uma criança, ela tem que passar por toda essa dor para poder chegar para a pessoa e falar: ‘o tio fez isso comigo, meu pai fez isso comigo’, e aí você pega e joga mais um caminhão de culpa nela, sem a mínima necessidade”, frisou.”