Novo Ensino Médio começa a ser implementado este ano

#Brasil | A partir deste ano, o Ensino Médio começa a ter mudanças nas escolas brasileiras públicas e privadas. As primeiras alterações serão na carga horário, que terão pelo menos cinco horas diárias. As mudanças começam pelo primeiro ano do Ensino Médio.

O novo Ensino Médio foi aprovado em 2017, através de Lei e tem o objetivo de tornar este período mais atrativos e evitar que os estudantes abandonem os estudos. O novo modelo prevê que parte das aulas será comum a todos os estudantes do país, seguindo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Com as mudanças, os alunos vão poder escolher na outra parte da formação, um itinerário para aprofundar o aprendizado. Entre as opções está dar ênfase, por exemplo, às áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ao ensino técnico. A oferta dependerá da capacidade das redes de ensino e das escolas.

O cronograma do Ministério da Educação estabelece que o novo Ensino Médio comece a ser implementado este ano, de forma progressiva, pelo primeiro ano do Ensino Médio. Em 2023, a implementação segue, com o primeiro e segundo anos e, em 2024, o ciclo de alterações termina, com os terceiros anos do Ensino Médio.

Pela Lei, as escolas precisam ampliar a carga horária para 1,4 mil horas anuais, o que equivale a 7 horas diárias. Em 2022, a carga horária deve ser de pelo menos mil horas anuais, ou cinco horas diárias, em todas as escolas de Ensino Médio do país. Esta será a primeira mudança a ser sentida. As novidades de conteúdos só devem ser implementadas a partir do ano que vem na maior parte das escolas.

Para o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Vitor de Angelo, a reforma trará desafios, como por exemplo, a possibilidade de aumento da desigualdade entre regiões, estados e redes de ensino e a necessidade da adequação de avaliações, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

“A primeira coisa que deve chegar às escolas, com certeza, é a ampliação da carga horária, porque é uma exigência legal. O que não é exigência legal, mas está atrelado de alguma maneira a isso é a implementação de um currículo novo”, diz Angelo. O Consed representa os secretários estaduais de Educação, responsáveis pela maior parte das matrículas do ensino médio do país. Segundo o último Censo Escolar, de 2021, as redes estaduais concentram cerca de 85% das matrículas

Desafios 

A reforma trará também, segundo Angelo, alguns desafios, entre eles a possibilidade de aumento das desigualdades educacionais. “No novo ensino médio, a gente pode ter todas as promessas de itinerários e de escolhas, mas para algumas redes. Outras podem não conseguir”, afirma. “O risco é ter escolas com alguns itinerários e outras não, regiões com alguns itinerários e outras não. Então, pode haver um aprofundamento das desigualdades dentro do país e dos estados, para não falar das redes privada e pública”, acrescenta.

Isso significa que um estudante pode não encontrar em seu município o curso técnico ou a formação que deseja. “São cuidados que precisaremos ter, que não invalidam [o novo ensino médio], mas a gente não pode desconsiderar que isso existe para não achar que tudo são flores, que o novo ensino médio vai mudar tudo, vai trazer itinerários, ensino flexível adaptado aos alunos, que eles vão fazer o que quiser. As nossas escolas são as mesmas e elas têm dificuldades, os professores tiveram formação, mas não viraram a chave e mudaram de uma hora para outra, então é preciso ter cuidado com isso para não se frustrar”, diz Angelo. 

Outro desafio é a avaliação dos estudantes. O Enem, por exemplo, precisará ser reformulado para avaliar o novo currículo. “O exame precisa estar alinhado com o novo ensino médio. O Enem é uma prova nacional que precisa criar critérios de comparação entre todo e qualquer estudante que está terminando o ensino médio, especialmente por causa do Sistema de Seleção Unificada, o Sisu que é nacional. Mas, como vamos comparar, nacionalmente, pessoas que fizeram currículos distintos? Esse é o maior desafio”, avalia.

Em webinário, em dezembro, o secretário de Educação Básica do MEC, Mauro Luiz Rabelo, detalhou as ações da pasta para a implementação do novo ensino médio. Segundo ele, somando todas as ações, até aquele momento, haviam sido repassados aos estados e às escolas R$ 2,5 bilhões. 

Rabelo também falou sobre o Enem que, segundo ele, deverá ter duas partes, uma delas voltada para avaliar os conhecimentos adquiridos na parte comum a todos os estudantes, definida pela BNCC, e outra que deverá avaliar os itinerários formativos. “Atualmente, a grande questão mesmo é como criar um segundo momento de prova que contemple a avaliação dos itinerários formativos, dada a diversidade de possibilidades que na implementação”, disse o secretário. O novo modelo de prova deverá começar a vigorar apenas após a total implementação do novo ensino médio, em 2024.

Fonte: Agência Brasil | Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília