Ministério da Saúde confirma morte fetal por transmissão vertical da Febre de Oropouche

#Brasil | O Ministério da Saúde confirmou na sexta-feira (02/08) o primeiro caso de óbito fetal causado por transmissão vertical de febre do Oropouche no Brasil. O caso ocorreu no Estado de Pernambuco, onde uma grávida de 28 anos, que estava na 30ª semana de gestação, transmitiu o vírus para o bebê durante a gestação ou no parto. A confirmação desse caso levanta novas preocupações sobre os riscos da doença, especialmente para gestantes.

Além deste caso, o ministério informou que outros oito casos de transmissão vertical do vírus ainda estão em investigação. Desses, quatro são em Pernambuco, um na Bahia e três no Acre. Entre os casos investigados, quatro evoluíram para óbito fetal e os outros quatro apresentaram anomalias congênitas, como microcefalia. O Ministério da Saúde está trabalhando em conjunto com as Secretarias Estaduais de Saúde e especialistas para determinar se há uma ligação direta entre o vírus Oropouche e essas malformações ou abortos.

Até o dia 28 de julho de 2024, o Brasil registrou 7.286 casos de febre do Oropouche em 21 Estados. A maioria dos casos foi identificada no Amazonas e em Rondônia. O país ainda investiga um possível óbito relacionado à doença em Santa Catarina. Na semana passada, os primeiros dois óbitos pela doença no Brasil foram confirmados. As vítimas eram mulheres jovens, sem comorbidades, do interior da Bahia, que apresentaram sintomas semelhantes aos de dengue grave.

Oropouche

A febre do Oropouche é transmitida principalmente pelo mosquito Culicoides paraensis, conhecido popularmente como maruim ou mosquito-pólvora. O ciclo silvestre da doença envolve hospedeiros como bichos-preguiça e primatas não humanos, e possivelmente aves e roedores. No ambiente urbano, os humanos tornam-se os principais hospedeiros, com o mosquito Culex quinquefasciatus (o pernilongo comum) também capaz de transmitir o vírus.

O Ministério da Saúde tem monitorado a situação do Oropouche em tempo real através da Sala Nacional de Arboviroses. Nos próximos dias, a pasta deverá lançar o Plano Nacional de Enfrentamento às Arboviroses, que incluirá diretrizes para a prevenção, diagnóstico e tratamento da febre do Oropouche, além de outras doenças como dengue, zika e chikungunya.

O plano também deverá conter orientações para proteção individual e coletiva contra picadas de insetos transmissores. Essas medidas incluem o uso de roupas compridas, sapatos fechados e repelentes, especialmente nas primeiras horas da manhã e ao final da tarde, além de práticas de higiene e limpeza em áreas residenciais e de criação de animais.

O Ministério recomenda que as pessoas com sintomas compatíveis com arboviroses, como febre, dor de cabeça, dores musculares e articulares, tontura e náuseas, procurem atendimento médico, especialmente as gestantes, que devem comunicar imediatamente os profissionais responsáveis pelo pré-natal.

O aumento dos casos de febre do Oropouche no Brasil, incluindo os trágicos episódios de transmissão vertical, acende um alerta para as autoridades de saúde e a população. Medidas preventivas e uma vigilância constante são essenciais para conter a disseminação do vírus e proteger os grupos mais vulneráveis, como gestantes e recém-nascidos.