Por José Pereira Lopes Júnior
Dia dezoito (18) de fevereiro de 2023, sábado de carnaval chuvoso, aqui onde vivemos.
Caros amigos, estimadas amigas, nossos professores, nossos familiares, nossos colegas, neste dia, vimos contar uma história de carnaval, ocorrida conosco, no passado, em nossa querida cidade de Palmeiras de Goiás. Mas não se trata de história de baile, de festa, de folia carnavalesca, trata-se de uma recordação que marcou muito minha vida, no carnaval de 1993.
Naquele ano, trinta anos atrás, eu havia disputado a eleição para vereador, no ano anterior, em 1992, tendo obtido mais de 200 votos, quase me elegendo vereador por nossa cidade. Com o fim das eleições, me desloquei novamente para Goiânia, em busca de oportunidade de trabalho, tendo sido bem sucedido em meu intento.
Naquela sexta-feira de carnaval, me deu uma vontade enorme de ver minha família, em Palmeiras, fui no finalzinho da sexta-feira, chegando pouco antes do Jornal Nacional. Fui recebido por meus pais, por meus avós, onde meu avô Sabino já estava assistindo ao Jornal Nacional, que gostava muito. Cumprimentei a todos, assisti juntamente a eles o Jornal Nacional, terminou, meu avô se levantou, se despediu e foi deitar. Me disse: Amanhã cedo falamos mais.
No dia seguinte, acordei cedinho, ele se levantou, tomou café, foi ler seu jornal, na salinha que havia em casa, com duas poltronas uma em frente a outra, sentei com ele lá e conversamos por umas duas horas, alegres, falou de sua vida, no passado, comentou sobre a política, que acompanhava, riu, de repente, pareceu ter engasgado, passou mal, chamei Mamãe, que chamou Doutor Osvaldo, quando chegou, já havia falecido… Partiu sorrindo, em um instante, num infarto fulminante…
Por muitos anos, sofri com estas recordações…
Demorei para entender que na vida em tudo existe um propósito e que nada acontece por acaso…
Hoje, neste mesmo sábado de carnaval (18/02/23), onde temos 30 anos desde sua partida, no ano que completo 58 anos, já sei que a vida é uma grande viagem, como naquela música, a vida é o trem, e as pessoas, nas estações, vão embarcando, desembarcando, chegando, saindo, ficando, partindo…
Quando somos jovens, como a maioria dos que nos acompanham, estamos sendo presenteados pela vida a todos os momentos, temos irmãos, primos, sobrinhos nascendo, logo chegam esposa, filhos, novos familiares, a vida torna-se uma alegria, com pessoas novas, todos os tios, os avós reunidos em torno de uma mesa em um almoço qualquer de domingo…
Um dia, sem aviso, sem alarde, sem preparo, a vida começa a retirar…
Começa retirando os mais idosos, levando aqueles que, para muitos, são uma referência de vida, nossos avós, nossos tios mais velhos e nós, que ficamos, precisamos aprender a lidar com a sua ausência, com a sua falta, com aquela cadeira vazia na mesa, que ninguém ousa se sentar, com o banco na varanda, lembrança perene de quem havia por anos, se sentado ali…
E, um dia, seguindo o curso inexorável da vida, seremos nós quem iremos, quem desembarcaremos deste trem em constante movimento chamado vida…
Meu avô desembarcou deste trem chamado vida em um sábado de carnaval, de uma forma tranquila, sorrindo e conversando com seu neto mais velho, no caso, eu, que vos conto esta história…
Que todos possamos viver nossas vidas com plenitude, com amor, com felicidade, pois a hora que a morte chega, não nos permitirá o tempo de despedir de ninguém…
Reconheça as pessoas em vida, como bem diz o grande prefeito de Palmeiras de Goiás, o senhor Vando Vítor, valorize as pessoas enquanto estão vivas, porque um dia elas não mais estarão aqui, e este dia chegará para todos nós…
As fotografias desta postagem, as quatro primeiras, foram descobertas pelo grande escritor, nosso querido amigo Doutor Nilson Jaime, Presidente do Instituto Cultural Bernardo Elis e da APLAMC – Academia Palmeirense de Letras, em suas pesquisas, em São Paulo.
Traz meu avô no auge de sua vida, recém casado com minha avó Zilda Gomes de Souza, pai de seu filho mais velho, nosso querido tio Irênio, trazendo os nomes de toda a sua família, pelos lados materno e paterno.
Demorei a criar coragem de escrever sobre estas fotos, pois sempre, em todos os dias após sua partida, me recordei e sofri com seu falecimento.
Hoje, não sofro mais.
Aceito a partida, peço a Deus que o mantenha em seu lado, que cuide de todos nós que ficamos e que um dia, com as graças de Deus, nos reencontraremos na eternidade.
Agradeço ao Doutor Nilson Jaime pelo envio das belas foto, pela gentileza, pela amizade da vida toda e dedico esta postagem a todos os que perderam alguém que amavam, a todos que tem um lugar vazio na mesa de suas casas, que jamais será preenchido…
A você que me acompanha, meus amigos, minhas amigas, meus familiares, meus colegas, nossos professores, meu muito obrigado pela companhia, nesta jornada chamada vida, obrigado pela gentileza e pela amizade da vida toda, que Deus o guarde onde quer que esteja!!!
A todos, meu muito obrigado!!!
José Pereira Lopes Júnior é escritor e administrador de empresas.
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