Manifestação pede anistia aos condenados do 8 de janeiro, com Bolsonaro e 7 governadores

#Política | Cerca de 44,9 mil manifestantes, segundo estimativa feita com uso de inteligência artificial, se reuniram neste domingo (06/04) na Avenida Paulista, em São Paulo, atendendo à convocação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O principal objetivo do ato foi a defesa da anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, em Brasília — episódio que ficou marcado como o maior atentado contra a democracia desde o fim da ditadura militar.

No palanque montado sobre um trio elétrico, Bolsonaro foi acompanhado por sete governadores — incluindo Tarcísio de Freitas (SP), Ratinho Júnior (PR), Romeu Zema (MG) e Ronaldo Caiado (GO) — além de deputados e líderes da direita. O ex-presidente alegou perseguição por parte do STF e disse que só “um psicopata” poderia chamar os atos de 8 de janeiro de tentativa de golpe.

Bolsonaro e governadores antes do ato favorável a anistia do 8 de janeiro

“Me acusam de querer derrubar a democracia, mas o que está acontecendo é exatamente o contrário”, afirmou Bolsonaro, que também pediu orações aos seus seguidores. O ex-presidente ainda ironizou as penas impostas pelo Supremo Tribunal Federal, destacando o caso de Débora Rodrigues, cabeleireira condenada por pichar com batom a estátua da Justiça no prédio do STF.

Símbolos, críticas e discursos inflamados

Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, apareceu com um batom nas mãos, em solidariedade a Débora, e pediu uma “anistia humanitária”. O gesto foi repetido por vários apoiadores ao longo da manifestação. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) também discursou, chamando os ministros do STF de “ditadores de toga”.

Durante a manifestação, foi defendida a aprovação do projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados que propõe anistiar todos os condenados pelos atos antidemocráticos. Segundo o vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), há articulação para colocar a proposta em pauta nas próximas semanas.

Contagem precisa e comparação com Copacabana

A estimativa oficial da quantidade de pessoas no evento foi realizada pelo Monitor do Debate Político da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Cebrap e a ONG More in Common. A contagem utilizou drones e o software chinês P2PNet, que identificou as cabeças dos manifestantes a partir de imagens captadas às 15h44, horário de pico da concentração. O método apresenta acurácia superior a 69% e margem de erro de até 12%.

Há três semanas, manifestação semelhante no Rio de Janeiro, também convocada por Bolsonaro, atraiu 18,3 mil pessoas, segundo a mesma metodologia.

O que diz o Congresso e a sociedade

Enquanto deputados da base bolsonarista defendem o projeto de anistia como uma forma de justiça, parlamentares da oposição, como Guilherme Boulos (PSOL-SP), denunciam a tentativa de apagar crimes contra o Estado Democrático de Direito. “Essa PL tem o mesmo espírito da anistia da ditadura: livrar poderosos de suas responsabilidades”, declarou Boulos em vídeo nas redes sociais.

Pesquisa Quaest divulgada recentemente aponta que 56% dos brasileiros são contrários à anistia aos envolvidos no 8 de janeiro. A proposta, para ser aprovada, precisa do apoio de pelo menos 257 deputados na Câmara e depois passar pelo crivo do Senado. Mesmo aprovada, ainda poderia ser vetada pelo presidente Lula.

Fonte: G1

Ex-presidente Jair Bolsonaro e esposa Michele, durante ato na Avenida Paulista