Goiás tem mais de 75 mil pessoas diagnosticadas com autismo, aponta Censo 2022

#Saúde | Pela primeira vez na história, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou, no Censo 2022, dados sobre pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Em Goiás, foram identificadas 75.040 pessoas com diagnóstico confirmado por profissional de saúde — o que representa 1,1% da população goiana, número próximo da média nacional de 1,2%. Em Goiânia, são 17,5 mil pessoas, também 1,1% da população da capital.

A inclusão dessa informação no levantamento ocorreu por força da Lei 13.861, de 2019, que obrigou o IBGE a coletar dados sobre o TEA. A partir disso, o questionamento passou a integrar a entrevista domiciliar. O superintendente do IBGE em Goiás, Edson Vieira, destacou que o objetivo é fomentar políticas públicas voltadas a essa população: “Esse é o início de um processo de inclusão de uma população significativa.”

Segundo o IBGE, o Censo seguiu os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS) descritos na CID-11, que identificam o TEA por déficits persistentes na interação social, padrões repetitivos de comportamento e início precoce do desenvolvimento.

Escolaridade e desafios no acesso à educação

A pesquisa revelou também aspectos relevantes sobre a escolaridade da população com TEA. Entre os diagnosticados com idade entre 6 e 14 anos, 33% frequentam a escola, um índice superior ao da população geral (24,4%), o que, segundo especialistas, pode refletir maior conscientização familiar sobre a importância da inclusão.

Tiago Abreu, gerente de conteúdo do Núcleo de Apoio à Inclusão Autista, observa que a escolarização está relacionada ao diagnóstico mais frequente entre pessoas autodeclaradas brancas e ao maior acesso à informação. Ainda assim, muitos enfrentam dificuldades para garantir matrícula, especialmente em escolas particulares.

Entre os adultos com 25 anos ou mais, quase metade (48,2%) dos autistas não possui instrução ou não completou o ensino fundamental — bem acima dos 35% observados na população geral. Apenas 14% dos autistas têm ensino superior completo, enquanto entre os brasileiros em geral esse índice é de 18%.

Desigualdades e necessidade de políticas públicas

O Censo revelou ainda uma distribuição relativamente uniforme dos casos entre os Estados, com variações entre 1,0% e 1,3%, com exceções como Acre (1,6%), Amapá (1,5%) e Ceará (1,4%). Para Edson Vieira, esses dados reforçam a importância de gestores públicos, em todas as esferas, desenvolverem políticas de inclusão baseadas em evidências: “Cabe aos gestores municipais analisar os números, conhecer bem os dados e fazer políticas públicas”, enfatizou.

A divulgação dos dados sobre o autismo no Censo 2022 representa um avanço na visibilidade da condição no Brasil. Os números reforçam a urgência em garantir direitos básicos à educação, ao diagnóstico precoce e ao acolhimento dessa população — que, até então, era invisibilizada nos levantamentos oficiais.

Fonte: O Popular | Foto: Internet