Fraude contábil das Americanas superou os R$ 25 bilhões

#Brasil | Considerado um dos gigantes do varejo brasileiro, o Grupo Americanas chocou o país em janeiro do ano passado ao revelar “inconsistências contábeis” de mais de R$ 20 bilhões. Essas discrepâncias, até então desconhecidas de investidores, fornecedores e credores, geraram um turbilhão de incertezas no mercado.

A análise contábil identificou operações de financiamento que resultaram em uma dívida de aproximadamente R$ 20 bilhões com instituições financeiras, dívidas estas que não estavam refletidas corretamente nas demonstrações financeiras. Após o anúncio, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial para se proteger de cobranças imediatas.

Meses depois, uma nova reviravolta: a auditoria independente revelou que as inconsistências eram resultado de fraudes, somando R$ 25,3 bilhões. A investigação apontou manipulações contábeis pela antiga diretoria, que criaram contratos fictícios de verbas de propaganda cooperada (VPC) para inflar resultados operacionais. Além disso, operações de risco sacado, que envolviam a antecipação de pagamentos a fornecedores, não eram devidamente contabilizadas, ocultando bilhões em dívidas.

Em comunicado ao mercado, a empresa detalhou a manipulação dos resultados e a contratação de financiamentos sem as devidas aprovações societárias, tudo inadequadamente refletido no balanço patrimonial de setembro de 2022.

Ex-diretores estão sendo investigados pela Polícia Federal, com prisões preventivas decretadas e depois convertidas em medidas cautelares. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados divulgou em setembro de 2023 que a dívida da empresa, após a inclusão das inconsistências contábeis, ultrapassava R$ 42 bilhões.

Fundada em 1929 em Niterói, a Americanas, que começou com produtos de 2 mil réis, expandiu-se significativamente ao longo do século. Nos últimos anos, o grupo combinou operações digitais e físicas, adquirindo empresas como Shoptime e Submarino. Recentemente, a empresa anunciou o encerramento dos sites de vendas dessas marcas, alinhando-se a uma nova estratégia de negócios focada em eficiência e rentabilidade.

Fonte: Agência Brasil | Bruno Peres/Agência Brasil