Em manifestação, Bolsonaro nega articulação para golpe e pede anistia para presos do 8 de janeiro

#Política | O ex-presidente da República Jair Bolsonaro, reuniu milhares de pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, no domingo (25/02). O ato foi organizado para que o político pudesse se defender das acusações de ter articulado um golpe após as eleições de 2022. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) divulgou que o público total chegou a 750 mil na Avenida e ruas adjacentes. Quatro governadores, incluindo Ronaldo Caiado, de Goiás, ficaram ao lado de Bolsonaro, além de deputados federais, estaduais, senadores e outras lideranças consideradas de direita.

Em seu discurso de 22 minutos, Bolsonaro que está sendo investigado pela Polícia Federal, por suposta tentativa de golpe de Estado, afirmou que sofre uma perseguição, negou que liderou uma articulação golpista e pediu anistia aos presos do ato de 8 de janeiro (Invasão às sedes dos três poderes).

“O que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado. É buscar maneira de nós vivermos em paz. É não continuarmos sobressaltados. É por parte do Parlamento brasileiro (…) uma anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília. Nós não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos. A conciliação. Nós já anistiamos no passado quem fez barbaridades no Brasil. Agora nós pedimos a todos 513 deputados, 81 senadores, um projeto de anistia para seja feita justiça em nosso Brasil”, disse Bolsonaro.

O pastor evangélico Silas Malafaia, estimou ter gastado entre R$ 90 mil e R$ 100 mil para montar a estrutura do evento que incluiu água, grades, transmissão pela internet, seguranças, trio elétrico, entre outros.

Senador goiano Wilder Morais e ex-presidente Jair Bolsonaro na manifestação

TRECHO DOS DISCURSOS DE JAIR BOLSONARO – BBC BRASIL

1. Bolsonaro: Negativa de golpe e pedido de anistia

Em seu discurso, que durou 22 minutos, Jair Bolsonaro refutou a acusação de que teria planejado dar um golpe de Estado após a vitória de Lula nas eleições de 2022.

“Eu teria muito a falar, e tem gente que sabe o que eu falaria, mas o que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado, é buscar uma maneira de nós vivermos em paz, é não continuamos sobressaltados”, disse, dirigindo-se a deputados e governadores que estavam ao seu lado.

De acordo com investigações da PF, Bolsonaro teria se envolvido na confecção de uma minuta de decreto com medidas que impediriam a posse de Lula para mantê-lo no poder.

Militares próximos a Bolsonaro também teriam organizado manifestações contra o resultado das eleições e atuado para garantir que os manifestantes tivessem segurança.

Já o grupo em torno de Bolsonaro teria monitorado os passos do ministro do STF Alexandre de Moraes, incluindo acesso à sua agenda de forma antecipada.

A minuta, encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, previa “estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília, Distrito Federal, com o objetivo de garantir a preservação ou o pronto restabelecimento da lisura e correção do processo eleitoral presidencial do ano de 2022, no que pertine [sic] à sua conformidade e legalidade, as quais, uma vez descumpridas ou não observadas, representam grave ameaça à ordem pública e a paz social”.

Inicialmente, Bolsonaro negou ter conhecimento da minuta, mas um documento com este mesmo teor foi encontrado depois pela PF na sala do ex-presidente na sede do PL, seu partido.

Em sua fala no protesto, Bolsonaro afirmou que agiu dentro dos limites da Constituição e que, para ser aplicado, o decreto de estado de defesa dependeria da aprovação do Congresso.

“Continuam me acusando de um golpe, porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenha santa paciência”, disse.

“Querem entubar a todos nós um golpe, usando dispositivo da Constituição cuja palavra final quem dá é o Parlamento brasileiro.”

No protesto, o ex-presidente também pediu aos congressistas um projeto de lei que anistie seus apoiadores que foram em Brasília por participarem na depredação de prédios públicos em 8 de janeiro de 2023.

“[Queremos] Anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília, nós não queremos mais que seus filhos sejam órfão de pais vivos. Agora nós pedimos a todos os 513 deputados e 81 senadores um projeto de anistia para que seja feita a Justiça em nosso Brasil”, disse Bolsonaro.

“E quem, porventura, depredou o patrimônio, nós não concordamos com isso. Que paguem, mas que essas penas não fujam ao mínimo da razoabilidade.”

Fonte: BBC

Governadores presentes na manifestação, incluindo Caiado de Goiás