Educação ou morte

Por Augusto Narikawa
A professora Elisabeth foi esfaqueada ao fazer a chamada em uma escola pública em
São Paulo. Quatro crianças, entre 4 e 7 anos, foram assassinadas em Santa Catarina, dentro da
creche, lugar que deveria ser de acolhimento e segurança. No massacre de Suzano, oito pessoas
morreram, incluindo o próprio assassino. Somente essas informações deveriam nos deixar
incrédulos, revoltados e indignados. Porém, como conceitua a filósofa Hannah Arendt em “A
Banalidade do Mal”, chega um momento em que nos recusamos a refletir sobre os nossos atos
ao banalizarmos as coisas do cotidiano que levam as pessoas à morte.

Não é o homem em si o mal como um todo, mas, sim, algumas pessoas que são incapazes
de sentir, compreender, ter empatia ou acreditar que podemos ser melhores. Mas se não
acreditarmos que isso é possível, qual o sentido da nossa existência? Pois é a esperança, a fé e
a humanidade que habita em nós que faz com que a vida pulse, grite e lute por dias melhores.

Nessa caminhada árida e tão cheia de espinhos, é essa fé que nos mantêm de pé e que nos faz
acreditar que existe um lugar mais bonito no final da nossa jornada. Você leitor deve se
perguntar se esse autor que vos escreve é um pessimista ou um sonhador? Para você, caro leitor,
a resposta é que, essas tão mal traçadas linhas são redigidas por alguém que acredita fielmente
que; ou educamos a nossa sociedade ou estamos fadados à morte eminente. E sim, também sou
um sonhador, daqueles que entram em sala de aula com a vontade de fazer e ser a diferença,
mesmo diante de tanta dor e caos. Clichê não é? Mas talvez precisemos voltar aos clichês da
boa educação e valores para salvar o que estamos perdendo.

Mas e se não houver diferença? Se não mudarmos a nossa realidade? Não haverá vida
em uma terra em que não haja amor, gratidão, respeito e vontade de mudar o que existe de
errado. Ao pensar sobre tudo isso, fica evidente a necessidade de entendermos que a vida dessas
pessoas, algumas tão pequenas, nos façam rever as nossas prioridades e conceitos. Se não por
nós, pelo Enzo de 4 anos, Larissa de 7, Bernardo de 4 ou Bernardo de 5, pelas professoras que
morreram tentando salvar seus alunos e por tanta gente que luta todos os dias para que a
sociedade possa ser um lugar melhor para se viver.

Por outro lado, o que deveria nos conectar e diminuir distâncias, a tecnologia, tem sido
empregada no sentido inversamente proporcional, ou seja, estamos cada vez mais distantes. É
preciso repensar nossos valores, nossas crenças e nossos conceitos mais profundos. É preciso
ensinar as nossas crianças que dividir é um ato de amor, a ter mais empatia, mais respeito pelo próximo e mais educação. Educação que liberta, que faz diferença, que nos faz melhores.

Essa mesma educação que há muito foi esquecida em algum lugar que se perdeu pelo caminho. É
preciso compreendermos que ela, a educação, literalmente salva vidas. Vidas como essas que
poderiam ter sido salvas se não estivéssemos em uma sociedade tão doente e vazia. Que as
famílias dessas crianças, adolescentes e professores que se foram tão cedo, possam de alguma
forma, sentir o nosso abraço e carinho. Que você leitor possa refletir sobre quais pilares estamos
construindo a nossa sociedade, pois como bem escreveu a nossa eterna Cora Coralina, “nada
do que vivemos tem sentido se não tocarmos o coração das pessoas”.

Augusto Narikawa é professor Mestre atuando nas áreas de: educação, gestão, treinamento e palestra. Possui graduação em Relações Internacionais (PUC) e em Letras (UVA), pós-graduação em Docência do Ensino Superior (UEG), Mestre em Educação, Linguagem e Tecnologias.
É Sócio-Diretor da 4PRIME – Centro de Excelência Empresarial; Gerente de Marketing da INOV e IFinanças; Gestor Matricial das Áreas de Línguas e Metodologia Científica (2017-2022); Professor do Ensino Médio, Graduação e Pós-graduação; Membro da Comissão de Provas Institucionais GO-SP (2017-2019); Instrutor de treinamento e palestrante, para várias empresas, nas mais diferentes áreas; Também tem especialização em: Relações Internacionais, Letras Vernáculas (ênfase em gramática normativa) e Modernas, RH e Consultoria. É Coordenador do Preparatório Solidário UNIALFA.