Copom eleva Selic para 14,75% ao ano, maior nível em 19 anos, para conter inflação

#Economia | O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (7), elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, atingindo 14,75% ao ano. O novo patamar representa o maior nível dos juros básicos da economia brasileira desde agosto de 2006, refletindo um cenário de pressão inflacionária persistente e instabilidade econômica global.

A decisão foi unânime entre os membros do Copom e já era amplamente esperada pelo mercado financeiro. A nova alta marca a sexta elevação seguida da Selic, consolidando um ciclo de aperto monetário iniciado em setembro do ano passado, quando a taxa ainda estava em 10,5%.

Segundo comunicado oficial, o Copom destacou que o ambiente de incerteza continua elevado, exigindo prudência e flexibilidade nas decisões futuras. “O cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária”, informou o texto.

A inflação acumulada em 12 meses, medida pelo IPCA-15 (prévia da inflação oficial), está em 5,49%, superando o teto da meta contínua de 4,5% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Embora o índice tenha desacelerado em abril (0,43%), os preços dos alimentos seguem como principal vilão, pressionando o custo de vida das famílias brasileiras.

Pelas novas regras da meta contínua de inflação, em vigor desde janeiro, o Banco Central precisa controlar a inflação mês a mês, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, em relação à meta central de 3%.

No último Relatório de Inflação, o BC projetava um IPCA de 5,1% para 2025, valor já acima do teto da meta. No entanto, o comunicado mais recente do Copom atualizou essa previsão para 4,8%, mantendo a perspectiva de que a inflação permanecerá fora dos limites definidos até o próximo ano.

Crédito mais caro e economia mais lenta

O aumento da Selic tem como principal objetivo frear a inflação, ao encarecer o crédito e reduzir o consumo. Contudo, esse mecanismo também desestimula o crescimento econômico, pois torna mais difícil o acesso a financiamentos e investimentos.

A projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025 foi reduzida para 1,9% pelo Banco Central. Já o boletim Focus, divulgado semanalmente pelo BC com estimativas do mercado financeiro, aponta uma expansão de 2% para o próximo ano.

A taxa Selic influencia diretamente todas as demais taxas de juros da economia, como os financiamentos, empréstimos e aplicações financeiras. Seu aumento, portanto, tende a tornar o crédito mais caro para empresas e consumidores, ao mesmo tempo em que estimula a poupança e o investimento em renda fixa.

📉 Resumo da decisão do Copom

  • Nova Selic: 14,75% ao ano
  • Maior patamar desde 2006
  • Motivo: inflação elevada e incertezas econômicas globais
  • Inflação acumulada: 5,49% em 12 meses (IPCA-15)
  • Projeção do IPCA para 2025: 4,8%
  • Crescimento do PIB previsto: 1,9% (BC) / 2% (mercado)

A próxima reunião do Copom está marcada para junho, mas sem sinalizações claras sobre novos aumentos. A continuidade ou não do ciclo de alta dependerá do comportamento da inflação, da economia internacional e das expectativas dos agentes de mercado nos próximos meses.

Fonte: Agência Brasil