#Brasil | Os problemas causados pela ação da Braskem, em Maceió, Alagoas, piora a cada dia. A região em torno da mina se transformou em um bairro fantasma. Reportagem da FolhaPress mostra que comércios, escolas e outros serviços mudaram de local, e há falta de água, além de uma invasão de ratos. Poucos moradores ainda persistem em sair do local. Há risco de colapso em toda a região próxima a mina e os terrenos sofrem com afundamento.
Na última quarta (29/11), a Defesa Civil de Maceió divulgou um alerta sobre a piora da situação, com risco iminente de rompimento da mina. A população que mora próximo à área atingida foi orientada a deixar o local e procurar abrigo.
A Prefeitura decretou estado de emergência por 180 dias e o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), afirmou ontem (04/12) haver diminuição na velocidade do afundamento na região da mina. “Nós chegamos a 5 centímetros de afundamento [por hora], agora estamos em 0,25. Ou seja, é o menor patamar desde o dia 28 [quando foi iniciado monitoramento após novos abalos sísmicos]”, disse Caldas durante pronunciamento em Brasília, onde se reúne com ministros e políticos. No sábado, o ritmo já havia caído para 0,7 cm/h.
Para a Defesa Civil de Maceió, apesar da diminuição, a área segue em risco iminente de colapso. A Defesa Civil de Alagoas já avalia haver estabilidade. Ao todo, o solo da mina afundou 1,69 m desde o início do monitoramento até este domingo (03/12).
Moradores contam que o problema teve início há cinco anos e de lá para cá, vem ampliando. Os primeiros relatos sobre os problemas no solo em Mutange, surgiram em 3 de março de 2018. O abalo na época, fez tremer partes de asfalto e provocou rachaduras no piso e paredes de imóveis, atingindo 14,5 mil casas, apartamentos e estabelecimentos comerciais. Todos os moradores foram retirados.
Outro bairro muito atingido é o Bom Parto e que ainda existem pessoas vivendo no local. Outras regiões como Pinheiro, Bebedouro e Farol também foram atingidas.
O Serviço Geológico do Brasil, órgão ligado ao Ministério das Minas e Energia, concluiu em 2019, que as atividades de mineração da Braskem em uma área de falha geológica, causaram o problema.
A Braskem tem poços de extração de sal-gema na região. Esse material é usado para produzir PVC e soda cáustica. A instabilidade das crateras causou danos ao solo, que atingiram a superfície, apesar dos poços estarem pressurizados e vedados.
A exploração do minério começou em 1979 e foi realizada até maio de 2019, quando foi suspensa pela Braskem, um dia após a divulgação do laudo pelo Serviço Geológico.
Fonte: FolhaPress | Foto: Reprodução